Mataram o Bin Laden hoje, a 50km de Islamabad, onde me encontro. Passei pela vila onde tal aconteceu no sábado; ele morreu no domingo. Celebra-se um pouco por todo o mundo, nos Estados Unidos, o pessoal anda pela rua. Mas há algo que para mim não me parece bem… algo que me faz comichão e me deixa um bocado na retranca.
Não acho bem que se celebre a morte do Bin Laden. Não acho bem que se celebre qualquer morte. É o que sinto, tanto instintivamente como após reflectir acerca do assunto. Está claro que, a ser verdade que ele cometeu todas aquelas atrocidades, eu prefiro-o morto do que vivo. Não por castigo, não por isso, mas simplesmente porque a sua “ausência de VIDA” faz com que ele não possa continuar a cometer atrocidades contra a humanidade. Não vale a pena, neste momento, falar dos seus eventuais seguidores que o farão pela sua vez.
Às vezes nós somos obrigados a tomar uma decisão, e posteriormente concretizá-la, que, não sendo uma boa decisão, é a melhor que nos está disponível. Para mim é exactamente o que se passou aqui. Mas isso não deveria ser motivo de celebração. Leva-se a cabo a decisão anteriormente tomada, mas não se celebra, porque há uma tristeza latente de termos sido encurralados e não termos tido muitas opções senão destruir uma VIDA. E seguimos em frente, com a noção de dever cumprido mas a tristeza da constatação de que o mundo ainda é um sítio onde é preciso matar para evitar que se mate.
Talvez ingenuidade, mas é o que sinto.